segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Isolamento




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Não espero que se lembrem de mim; muito menos que me chamem para uma viagem curta ou uma tarde qualquer. Não espero ligações pra contar as grandes novidades ou a rotina corrida. Não ambiciono amor, carinho, amizade ou qualquer outro sentimento. Não almejo estar nas lembranças boas das pessoas que eu amo – ou acredito amar; muito menos espero estar nas lembranças das estações amargas. Eu não estive. Eu nunca estive. E talvez eu nunca esteja. 

O motivo de não esperar ser citada em rodas de amigos – antigos e queridos – é saber que fui esquecida, porque eu mesma esqueci de mim. Minha pequena agenda de números telefônicos esgota-se. Os convites foram extintos. As ligações quase nulas. Não existe uma amiga em especial disposta a ouvir desabafos. Só existe eu e a minha vergonha de falhar novamente. Mais uma vez. Não é a primeira e nem será a última. O peso da balança sobe; as roupas se perdem; as lágrimas exaurem-se.